Uma história (Camila de Jesus)

Quando estava no ginásio, estudava no Hugo... sim, sim... no Hugo Lacorte.

Meus professores foram praticamente os mesmos da 5ª até a 8ª série. Eles me conheciam bem, nos conheciam bem e principalmente no meu ultimo ano lá, na 8ª série, eles conversavam muito conosco. Lembro daquelas manhãs frias e quando batia o sinal para a hora do intervalo, todo mundo saia da sala com sua cadeira, para tomar um prolongado sol de 15 minutos. Aquele era o momento de olharmos os garotinhos do 3º ano, das outras 8ªs e seguir com o olhar quem realmente nos interessava.

Nossos professores sempre ficavam conosco, lembro-me bem do Altair (de Inglês), da Luciana (de Lingua Portuguesa), do Rubens (de História), da Márcia (de Matemática)... realmente marcaram minha vida. Bons tempos vivi naquele lugar e que se fosse possivel voltar, eu voltaria.

Depois de longos 15 minutos de sol, tinhamos que ficar atentos, pois depois que o professor entrasse em sala... ninguem mais entrava e o Messias, o coordenador, acabava com a gente, falava um monte!

É... dessa fase da minha vida eu lembro, acho que foi ai que percebi que era um ser pensante... e a partir dai também que comecei a perceber, sem entender, que ninguém vive sozinho, apesar de as vezes precisar estar sozinho... Uma vez, um desses meus professores estava em sala aplicando uma atividade e eu pedi a ele para ir ao banheiro, estava realmente muito apertada e ele parou tudo o que estava fazendo e me disse que eu nao podia ir nao, pois eu só o procurava quando EU precisava.

Aquilo me marcou muito. E na minha ignorancia de 14 anos nas costas, voltei pro meu lugar pensando: "Ué... mas é claro... vou procurá-lo quando eu nao preciso por qual motivo? Quando ele precisa é ele que tem que me procurar..."

Nunca mais pedi nada pra ele e custava até em tirar dúvidas sobre os conteúdos que ele passava... Ele nao foi responsável pela falta de aprendizado. Ele é um excelente professor!

Acho que essa atitude, desse professor, me fez enxergar as pessoas como pessoas mesmo. E mesmo sem entender eu sempre me perguntava o que a gente faz com as pessoas quando não estamos precisando delas.

Hoje em dia percebo que o fato de precisar das pessoas, na maioria das vezes é porque implicitamente sabemos que nao podemos viver sem elas.

Esses dias, foram dias de reflexão. Dias de escritos e dias de dúvidas... e certezas... dias de desabafos precipitados, como ja disse aqui, mas a precipitação também nos faz bem! Faz a gente perceber que devemos pensar e pensar e agir, mas as vezes, também, agir sem pensar. Faz bem!!!

Continuo com esse questionamento: O que fazemos com as pessoas quando não estamos precisando delas? Não tenho resposta pra isso, pois nem sempre é por maldade.

Não sei porque quis contar essa história aqui, mas talvez esse seja o ponto apice da minha história com esse professor. Talvez agora, 11 anos depois eu entenda o que ele quis dizer que eu só o procurava quando EU precisava...

Acho que nao precisa mais nada né?!

Professor: Valeu por tudo, de todas as suas aulas, essa é a única que não vou me esquecer nunca!

Pra terminar vamos lutar?

Tenha esperança sempre! Nenhuma batalha jamais foi ganha sem o poder do entusiamo (John Lord O Brian)